Tratamento de feridas
Entenda como funciona o tratamento de feridas.
O que são feridas?
Feridas são lesões cutâneas que expõem o meio interno do organismo ao meio externo, interrompendo a barreira protetora da pele. As feridas podem ser superficiais ou profundas, ocorrendo lesões que expõem as camadas mais profundas da pele ou até mesmo afetando-a completamente, chegando a órgãos e estruturas mais profundas como músculos, tendões e até ossos.
Como as feridas podem ser divididas?
As feridas podem ser divididas entre agudas e crônicas. As agudas são as feridas causadas por traumas e ferimentos (feridas traumáticas) como escoriações, lesões cortantes ou fraturas com exposições ósseas. Já as lesões crônicas são decorrentes de outras alterações sistêmicas de saúde que alteram a anatomia da pele ou a condição neurológica protetora da pele.
Quais as principais doenças crônicas que provocam feridas?
São exemplos desta condição as doenças como diabetes, que em determinadas situações que podem alterar a sensibilidade da região plantar dos pés, alterações musculares causando desbalanço e gerando uma alteração da conformidade óssea evidenciando pontas de ossos fora da anatomia normal gerando uma condição conhecida como pé diabético, mudando as zonas de apoio e formando feridas como úlceras.
Alterações vasculares também podem levar a formações de úlceras vasculares (Ferida Vascular), arteriais ou venosas, que apresentam feridas de perna, pé, antebraço e mão que podem evoluir para necroses de pele e uma ferida que não se fecha.
Doenças neurológicas ou deficiências de mobilidade também podem levar a formações de feridas crônicas em regiões de maior apoio em pontos de saliências ósseas.
Alterações de contraturas musculares gerando espasticidades e flexões articulares também podem expor as regiões de proeminências ósseas as deixando em maior risco de formações de feridas crônicas.
Fraturas com exposição óssea que apresentam feridas que não fecham após a fratura, podendo levar a um quadro de osteomielite (infecções ósseas). Muitas situações, fraturas com feridas fechadas podem evoluir com parte da pele que também sofreu o trauma para áreas de necrose da pele e exposição de tecidos profundos.
De maneira geral, podemos dividir as feridas como sendo agudas, aquelas causadas por algum acidente como ferimentos cortantes, escoriações, traumatismos, fraturas ou queimaduras e as feridas crônicas, que têm origem em doenças sistêmicas como as lesões neurológicas, diabetes, neoplasias e doenças vasculares.
Em todas essas situações, as feridas podem ser superficiais, afetando diferentes camadas da pele, ou profundas atingindo estruturas nobres.
Como é o tratamento de feridas agudas e crônicas?
Os tratamentos devem ser individualizados e direcionados para cada tipo de lesão, levando em conta as comorbidades de cada paciente.
As lesões crônicas precisam de um acompanhamento multidisciplinar para que as doenças sejam controladas e estabilizadas. De maneira paralela, as feridas são tratadas.
Pode-se dizer de maneira geral que as feridas têm um tratamento complexo e integrativo, onde diferentes vertentes são abrangidas durante o tratamento. Assim, uso de pomadas, trocas de curativos e até mesmo procedimentos cirúrgicos estão dentro deste arsenal.
O tempo de tratamento também é bastante variado a depender da gravidade de cada ferida, das condições gerais do paciente e método de escolha do tratamento.
O objetivo do tratamento é que seja feito por um especialista em tratamento de feridas para que se tenha o melhor planejamento, com o melhor resultado possível e dentro do menor prazo também possível.
Quando há grandes perdas teciduais ou mesmo pequenas porém profundas e chegando a tecidos considerados nobres, como tendões, vasos sanguíneos, nervos e ossos e não há chance de auto regeneração o tratamento é a reconstrução de tecidos.
O que é a cirurgia de reconstrução de tecidos?
A reconstrução de tecidos ocorre nos casos em que as perdas não capazes de se auto regenerar ou serem reconstruídas com pequenas e simples cirurgias. Os grandes vilões são tumores que necessitam de ressecção de grandes volumes, traumatismos em que ocorre a perda de cobertura cutânea e ou óssea.
Tipos de reconstrução de tecidos
São chamados de enxertos ou retalhos, de pele ou de osso. Os enxertos de pele são segmentos finos de pele isolados, apenas colocados no local da lesão. Retalhos são segmentos de pele ou osso que necessitam de nutrição própria ao serem colocados nos locais receptores.
Já os ossos são genericamente chamados de enxerto ósseo, seja com ou sem nutrição sanguínea própria. Tanto o enxerto ósseo que necessita de um suprimento sanguíneo próprio quanto o segmento de cobertura de pele chamado retalho são tecidos vascularizados. Ocorre então um autotransplante onde esses segmentos são translocados de região se comportando como um transplante de tecidos autólogos.
O grande desafio dos retalhos vascularizados livres são a dissecção minuciosa e a nova conexão (anastomose) entre os vasos sanguíneos.
Enxerto de pele: utilizado em lesões consideradas mais superficiais ou nas que não ocorre a exposição de tecidos nobres como ossos, tendões, nervos ou vasos sanguíneos.
Retalhos de pele: segmentos de pele que possuem nutrição sanguínea própria. Podem ser por um vaso conhecido (axial) ou vasos não conhecidos que nutrem essa pele através de uma parte que se mantém presa ao local original (ao acaso).
Retalhos axiais: possui um vaso nutridor conhecido no seu eixo.
Retalho axial pediculado: continua preso ao vaso conhecido e a parte traumatizada que é levada ao local do retalho.
Retalho axial livre: são seccionados e transplantados ao local receptor. Necessitam serem conectados a vasos sanguíneos que passarão a nutrir o retalho no local em que for transplantado. Podem ser compostos de músculos ou fáscia ou pele com tecido subcutâneo ou quaisquer combinação entre eles
Enxerto ósseo não vascularizado: necessários em regiões de perdas ósseas menores que 6 cm de comprimento.
Enxerto ósseo vascularizado: necessários em regiões de perdas ósseas maiores que 6 cm ou sem muita vascularização local, com baixo potencial de cicatrização
Como funciona?
A reconstrução de tecido é um procedimento no qual o cirurgião especialista confecciona um segmento de tecido e transplanta para o local desejado (receptor). Podem ser compostos de osso, músculo, fáscia ou pele ou qualquer combinação entre eles. Os vasos sanguíneos que nutrem esses tecidos são mantidos conectados ao tecido confeccionado e, no local receptor, são reconectados (anastomosados) em vasos sanguíneos locais.
Os resultados tem alto índice de sucesso e resolutividade dos problemas de ferida. Procure sempre um médico especialista em tratamento de feridas.