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Feridas Traumáticas

Feridas Traumáticas

Feridas Traumáticas

Quem quando criança nunca teve o joelho ralado? Esse tipo de lesão é extremamente comum e gera a chamada escoriação. Na grande maioria das vezes essa lesão é superficial e o tratamento com limpezas e curativos já são suficientes. Por vezes, as lesões podem ser mais profundas e as feridas necessitam de pontos para sua melhora. Aqui neste artigo vamos falar de feridas traumáticas e como podemos manejá-la.

O que são feridas?

As feridas são lesões de pele em que abrem o meio interno do organismo ao meio externo. Diferentes graus e profundidade tornam as características únicas de cada ferida. Elas podem ser divididas em:

  • superficial ou profunda
  • aguda ou crônica

As feridas superficiais são aquelas restritas à pele nas suas variadas camadas. Para melhor entendimento, pensemos no joelho ralado. Já as feridas profundas são lesões que expõem as camadas mais profundas da pele ou até mesmo a afetando completamente, chegando a órgãos e estruturas como músculos, tendões e até ossos.

Também podem ser divididas entre agudas, que são as feridas causadas por traumas e ferimentos como escoriações, lesões cortantes ou fraturas com exposições ósseas. Ou seja, um evento agudo para que a ferida seja causada. Já as lesões crônicas são decorrentes de outras alterações sistêmicas de saúde que alteram a anatomia da pele ou a condição neurológica protetora da pele. Exemplos desta condição são doenças como diabetes, que em determinadas situações podem alterar a sensibilidade dos pés, mudando as zonas de apoio e formando feridas como úlceras, as chamadas úlceras de pé diabético (Feridas no pé diabético).

Alterações vasculares também podem levar a formações de úlceras vasculares (Ferida Vascular), arteriais ou venosas. Doenças neurológicas ou deficiências de mobilidade também podem levar a formações de feridas crônicas em regiões de maior apoio em pontos de saliências ósseas que permanecem tempos prolongados em contato com a região do apoio como cadeiras e camas. Alterações em contraturas musculares gerando espasticidades e flexões articulares também podem expor as regiões de proeminências ósseas as deixando em maior risco de formações de feridas crônicas.

De maneira geral então, podemos dividir as feridas como sendo agudas, aquelas causadas por algum acidente como ferimentos cortantes, escoriações, traumatismos, fraturas ou queimaduras e as feridas crônicas, que têm uma comorbidade basal gerando condições que podem levara a formação de feridas. Assim, tem a origem em doenças sistêmicas como as lesões neurológicas, diabetes, neoplasias e doenças vasculares.

O que são as feridas traumáticas?

A ferida traumática consiste em uma lesão causada de maneira aguda, gerando uma quebra da barreira sadia da pele colocando em contato o meio interno do organismo com o meio externo. As lesões são causadas por acidentes, tais como cortes com objetos tipo faca, louça, pedaços de metal, latinhas de comidas e bebidas, ferramentas, dentre outros.

Também podem ocorrer por acidentes abrasivos, queimaduras ou até mesmo em situações mais graves como fraturas em que a energia do trauma é suficiente para que a fratura seja considerada exposta, quando há a quebra da barreira da pele expondo o osso ao meio externo.

Tipos, causas, características e detalhes de feridas traumáticas

As feridas traumáticas podem ocorrer por diversas causas e apresentam características peculiares. Assim, o tratamento proposto pode variar entre cada uma delas. Para um melhor entendimento, fique atento à algumas peculiaridades sobre as feridas traumáticas:

 Abrasões

Abrasões, são tipos de feridas traumáticas mais leves, porém bastante dolorosas. São caracterizadas pela lesão da pele, normalmente pelo atrito com o meio do acidente. Ocorre a lesão em diferentes camadas da pele. Nesse caso, por incrível que pareça, as lesões mais superficiais são as mais dolorosas pois acometem a região de maior sensibilidade da pele, a derme. Já nas lesões mais profundas, quando a camada de sensibilidade da pele é inteira lesionada, a dor pode praticamente ser inexistente.

É importante nesses tipos de lesão que se realize uma boa limpeza da ferida. Em alguns casos podem ser recomendados o uso de curativos e outras substâncias como por exemplo pomadas específicas. Mas tenha em mente que a procura e avaliação por um médico é o melhor a ser feito, principalmente nas lesões extensas ou mais profundas.

 Penetrantes

São feridas causadas por objetos pontiagudos, que perfuram e penetram no tecido humano podendo causar grandes danos. Itens como pregos, facas, agulhas, vidros, pedaços de madeiras e metal em geral são os mais comuns de protagonizarem esse tipo de acidente. Neste caso é de extrema importância a procura por atendimento médico especializado. Recomenda-se não mexer ou retirar os objetos pois a sua remoção pode causar lesões piores ou abrir lesões internas que antes estavam sendo seguras pelo objeto causador.

 Cortes e Lacerações

Uma laceração pode ser definida como uma ruptura de algum tecido, sendo muito mais profundo do que largo. Em relação a extensão pode ser variado. No geral ocorrem por acidentes com objetos cortantes como facas, ferramentas ou quinas pontiagudas. Até mesmo uma folha de papel pode ser responsável por cortes como estes. Exemplos de lesões frequentes como essa são cortes causados por copos e taças que se quebram enquanto são lavados. Outra situação comum ocorre ao se soltar pão de queijo congelado com a faca e acidentalmente a faca escorrega e corta a mão da pessoa.

A limpeza sempre é recomendada. Melhor se feita com soro fisiológico, mas água corrente limpa pode substituir de início. Um curativo superficial compressivo com gaze limpa se faz necessário muitas vezes para parar o sangramento. Em cortes superficiais, os chamados pontos falsos podem resolver o problema. No entanto, cortes mais profundos podem necessitar de suturas com pontos ou até mesmo cirurgia. Apesar de não parecerem tão profundos, os cortes podem lesionar estruturas como nervos e tendões, sendo necessário o seu reparo.

Como identificar a ferida e seu grau de gravidade

É importante salientar que todas as lesões são necessárias uma avaliação médica. De primeiro momento, podem ser seguidas algumas regras básicas na avaliação inicial não se dispensando a necessidade da avaliação por especialista.

Para isso, se atente a esses pontos:

  • Sujidade: As feridas devem ser limpas para que se diminua a chance de se desenvolver uma complicação de infecção. A infecção pode ser localizada ou mesmo se espalhar para outras áreas do corpo. Muitas vezes se faz necessário o uso de antibióticos para o tratamento das feridas. Lesões ocorridas em locais sabidamente mais contaminados, poluídos localmente ou mesmo em ambiente de terra e mato são consideradas mais sujas e necessitam de cuidado mais profundo no que se diz respeito à limpeza local.
 
  • Profundidade e tamanho da ferida: A profundidade da ferida nem sempre é mensurada pelo paciente. Muitas vezes apresenta um caráter superficial, mas que o fechamento da pele pode mascarar sua gravidade. Como dito anteriormente, existem estruturas que são superficiais no organismo e muito suscetíveis à lesões. Estruturas como tendões e nervos podem ser lesionados. 
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  • A avaliação dos movimentos específicos de cada tendão ou mesmo a alteração de sensibilidade local ou distal à lesão podem ser indicativos de lesões mais graves com a necessidade de cirurgia. Existe um ponto importante em se discutir que seriam as feridas em que se perde uma quantidade de pele e não se é possível o fechamento da lesão. Nesses casos, a avaliação de um especialista em feridas é obrigatória, pois a determinação do tipo de tratamento se faz conforme a gravidade, profundidade e tamanho das lesões e quais estruturas foram acometidas. O tratamento acaba sendo muito diferente para cada tipo de situação.
 
  • Energia do trauma: Se a ferida for causada por traumas mais agressivos, maior o grau de comprometimento de tecidos. Podemos exemplificar energia do trauma como duas situações diferentes, como uma pessoa que tropeça, cai e faz uma abrasão no joelho; ou outra que sofre um acidente de moto por exemplo, com impacto muito mais alto em termos de energia, causando uma lesão mais ampla e com mais acometimento de tecidos. Isso muda bastante o tipo de tratamento para cada situação.
  • Sangramento: As mãos e face são locais com bastante vascularização, portanto, lesões nessas áreas frequentemente são mais sangrantes. No entanto, existe a possibilidade de em lesões um pouco mais centrais existir acometimento de grandes vasos, gerando grande preocupação imediata. Faz-se necessária a busca por socorro imediata e, enquanto o socorro não chega, é obrigatória a compressão local a fim de se parar o sangramento. Não se recomenda garrotear o membro mas em caso de impossibilidade de conter o sangramento, pelo menos até a chegada de apoio especializado, torna-se uma ferramenta necessária. Importante saber que sangramentos são graves e não se pode deixar o paciente perder muito sangue, podendo causar sérios danos. De maneira geral, sangramentos nas extremidades como mãos, pes e face são bem contidos com uma compressão sobre o local da lesão. A grande problemática se encontra nas lesões acima dos punhos em direção ao antebraço e ombro e nos tornozelos em direção aos joelhos, coxas e quadris.
  • Região afetada: Como dito, face e extremidade de membros são regiões de maior vascularização e podem sangrar mais. Em termos de sangramento são menos preocupantes que as áreas mais proximais (acima dos tornozelos e punhos). No entanto, justamente por ter maior vascularização, lesões causadas por mordeduras animais, até mesmo de humano (principalmente em lesões tipo soco em que ocorrem cortes nas mãos) existe maior chance de infecção e necessitam de cuidados mais intensos, até mesmo cirurgias. 

 Tratamento de feridas traumáticas

Se tivesse que deixar apenas uma indicação seria: procure o serviço médico. Somente o especialista em feridas poderia indicar o melhor tratamento para cada tipo de lesão.

Cada tipo de lesão tem suas características próprias. O tratamento de uma ferida deve ser individualizado, não tendo uma receita genérica.

De maneira geral, as recomendações iniciais seriam de chamar ajuda médica, cobrir a ferida e aguardar. Tentar parar todos os sangramentos até que chegue o socorro.

O tratamento de feridas é um grande desafio. Um exemplo como queimaduras pode mascarar a gravidade. Queimaduras mais profundas causam menos dor e pode deixar o paciente com a falsa sensação de menor gravidade. Lesões pequenas como apenas um pequeno furo no dedo causado por uma ponta de faca em que a pele em si apresenta uma lesão menor que 0,5 cm, pode também mascarar a gravidade de uma lesão de tendão ou nervo. De outra maneira, uma escoriação, popularmente um ralado na mão pode ser superficial, mas sangrar muito mais que uma lesão profunda.

As lesões mais simples têm o tratamento mais simples, por vezes apenas com limpezas locais e curativos de maneira seriada até a cicatrização completa.

Lesões que tem danos às estruturas mais profundas que acometem estruturas importantes tem a necessidade de cirurgia para a correção das estruturas lesionadas, como tendões e nervos.

Feridas causadas por fraturas, por menores que sejam também exigem o tratamento de limpeza intensa e uso de antibióticos, em se pensando na parte óssea.

As lesões com perda de pele são um capítulo a parte em que podemos de modo geral dividí-las em lesões sem a exposição de tecidos nobres e com exposição.

São considerados tecidos nobres as estruturas como osso, tendão, nervos e vasos sanguíneos. Nesses casos, em se ocorrendo perda de pele não possíveis de se fechar a lesão, o tratamento muda conforme a gravidade e os tipos de tecidos expostos. Muitas vezes se az necessária a utilização de curativos especiais como as bombas de pressão negativa, conhecidos como curativos a vácuo, a fim de se melhorar a condição dos tecidos, ajudar a combater a infecção e permitir um melhor tratamento seguinte.

O tratamento de cobertura propriamente dito de pele pode ser feito apenas com enxertos de pele, considerados mais simples ou, caso ocorra o acometimento ou exposição de tecidos nobres, retalhos. Os retalhos são considerados um transplante de segmentos de pele do próprio paciente, possuindo uma nutrição própria sanguínea. São cirurgias mais complexas e que exigem profissionais treinados para esse tipo de cirurgia.

Em resumo, procure sempre o atendimento especializado. Somente com a avaliação específica pode-se ter o direcionamento para cada tipo de tratamento. As lesões enganam e o tempo do início do tratamento correto é importante no desfecho e cura de cada tipo de ferida.

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