Curativo a vácuo
O que é o curativo a vácuo?
As feridas são lesões normalmente visíveis na pele. Existem diversos tipos, tamanhos ou profundidade de feridas. Muitas vezes o tamanho visto na pele só é considerado a ponta do iceberg, tendo uma extensão muito maior do que realmente aparenta. Por isso, o manejo correto das feridas dever-se-ia ser feito em ambientes apropriados como hospitalares especializados nesse tipo de lesão. Muitas vezes, o tratamento acaba sendo feito se baseando no que se é visível e, por essa maneira, uma enorme quantidade de ferida permanece aberta ou com grande dificuldade de se fechar. Até mesmo fechando mas voltando a abrir constantemente. Dizemos que para se tratar a ferida deve-se buscar a raiz do problema.
Para o tratamento correto dessas lesões, muitas vezes somos auxiliados pelo curativo a vácuo.
O curativo a vácuo é tecnicamente chamado de Terapia de pressão negativa.
É composto de um produto do tipo esponja que cobre a ferida e por cima é vedado. Deste conjunto, emerge uma mangueira direcionada para um reservatório ligado a uma bomba de sucção. Desta maneira, o conjunto da ferida se mantém estéril e em pressão negativa formando o vácuo.
Este curativo é classicamente utilizado para as feridas abertas mas também podem ser utilizados para as feridas fechadas.
Existem diversas alterações no ambiente do curativo que promovem uma melhora do sítio para a cicatrização da ferida. Ocorre uma grande melhora no edema regional, controle de exudato (líquido que drena das feridas) mantém a ferida limpa, controle infeccioso por se tratar de um ambiente estéril nos casos pós desbridamento e crescimento de tecido de granulação são os fatores para as micro e macrodeformações nas feridas. Todo esse processo tem o objetivo de promover uma melhora no ambiente para que a ferida se feche da maneira mais adequada, sendo de segunda intenção ou com a colocação de enxerto de pele ou mesmo retalhos para coberturas cutâneas mais avançadas.
Nos casos em que o curativo a vácuo está indicado para as feridas fechadas, o curativo é colocado por cima de feridas de pós operatório. As feridas mais indicadas seriam as consideradas instáveis ou em maior risco de sofrerem deiscência (abertura dos pontos) por se tratarem de regiões de menor vascularização com menor potencial de cicatrização, feridas em que há a formação de hematoma que se acumula ou mesmo pacientes com comorbidades como diabetes. Nessa situação, o curativo a vácuo pode ser utilizado para melhorar o processo cicatricial.
Como se utiliza o curativo a vácuo nas feridas e em quais feridas é possível a sua utilização?
As feridas superficiais são lesões que não expõem estruturas profundas tendo maior potencial de cicatrização. Apesar disso, nem sempre significam que são mais simples. A depender da extensão e natureza das lesões, tais como queimaduras em áreas extensas, podem ser mais graves que as profundas. Em se tratando de lesões menores, demandam menos trabalho e tempo para a sua cicatrização que pode ser realizada de maneira conservadora, apenas com trocas de curativos e pomadas.
Neste caso, a cicatrização é chamada de cicatrização de segunda intenção. Pode-se também ser necessária a cobertura com enxertos simples de pele para acelerar o processo.
Já as lesões profundas ocorrem com a exposição das chamadas estruturas nobres, como músculos, tendões, nervos, vasos sanguíneos, ossos e órgãos internos. Nestes casos, exceto quando as lesões expõem apenas partes musculares, o tratamento se torna mais extenso, dispendioso e delicado.
De modo geral, tanto as lesões superficiais quanto as profundas podem ser tratadas de maneira inicial com a colocação de curativos a vácuo com o objetivo de se vedar a região da ferida após boa limpeza e retirada de partes já comprometidas das mesmas, conduzir mais nutrientes para a cicatrização, diminuir o processo inflamatório e infeccioso, diminuir o edema da região permitindo assim o processo de cruentização, que em termos não técnicos, significa melhorar a condição local para a cicatrização e permitir uma condição adequada para a cobertura com enxertos de pele. Esse processo de cruentização da ferida ocorre nas lesões superficiais de pele ou com a exposição ou acometimento muscular.
Caso ocorra acometimento ou exposição de estruturas nobres (tendões, vasos sanguíneos, nervos ou osso) a cruentização não ocorre, não sendo possível então a cobertura com enxertos de pele. Nestes casos, a utilização do curativo a vácuo se faz necessária para o controle da área exposta a fim de se diminuir o processo infeccioso e inflamatório, diminuir a área da lesão com retração de bordos, trazer nutrientes para que a ferida seja melhor preparada para o recebimento de umacobertura de pele adequada além de vedar a ferida até o próximo procedimento cirúrgico.
A utilização do curativo a vácuo nestas condições geralmente é feita de maneira seriada com trocas em centro cirúrgico em ambienteestéril até que a região esteja adequada para que um procedimento cirúrgico mais complexo seja efetuado. Nas situações em que estruturas consideradas nobres são expostas (tendões, vasos sanguíneos, nervos ou osso), a cobertura de pele já exige um maior grau de complexidade no tratamento, devendo ser um retalho microcirúrgico.
O retalho microcirúrgico pode ser composto por pele com seu tecido subcutâneo e um vaso sanguíneo nutridor desta pele. São considerados também retalhos microcirúrgicos aqueles compostos por músculos ou até mesmo osso.
Após o fechamento das feridas com retalhos, por vezes especificas ainda se faz necessária a utilização dos curativos à vácuo mas de maneira geral, já não são mais necessários.
Procure sempre um médico especialista no tratamento de feridas para acompanhar suas lesões.
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